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Depressão
Depressão

Em primeiro lugar deve o paciente ter um bom suporte, encontrado no seio familiar, para isso por vezes devemos estar atentos e procurar ajuda:

 

 

Apoios ao familiar

 

Procurar ajuda, em algumas alturas, é tão útil para si como para o doente. Poderá adotar estratégias que o ajudem a aliviar a pressão como dedicar-se a uma atividade que lhe dê prazer numa parte do dia, proporcionar momentos do dia em que esteja sozinho e tranquilo num ambiente que lhe seja agradável.

Este tipo de escapes são uteis mas podem não ser suficientes. Pode ter necessidade de conversar sobre questões que não fala com o doente ou com outros familiares como o medo da morte, as mudanças nas rotinas, as alterações de papéis familiares. Tudo isto são questões legítimas que profissionais competentes e especializados nesta área podem ajudar.

 

Depressão e Cancro

 

Nem sempre foi dada a devida atenção aos aspetos psicológicos relacionados com o cancro, no entanto foram vários os fatores que ao longo dos tempos mudaram esta questão:

  • Cada vez menos se encarar o cancro com uma sentença de morte.
  • O desenvolvimento dos cuidados paliativos bem como o acompanhamento psicológico nos períodos de hospitalização
  • O diagnóstico passou a ser, cada vez mais, conversado com o doente, aumentando o seu envolvimento no processo de cura
  • Reconhecimento da grande influência do estado mental do doente nos processos de cura e prevenção de recidivas

A depressão é uma perturbação psiquiátrica que causa sofrimento extremo e que necessita de tratamento adequado. O cancro e a dor crónica estão entre as 20 doenças mais associadas a processos depressivos. Estima-se que cerca de 36% dos doentes com cancro sofrem de depressão e este risco aumenta em doentes tratados apenas em ambulatório.

 

Deve estar atento(a) aos sinais e encara-los como uma fase natural da sua doença, procurando ajuda.

Os sinais de depressão podem variar de pessoa para pessoa, mas existem alguns sinais comuns como:

 

 

 

 

A incapacidade de pensar calmamente e

conversar sobre assuntos

 

A falta de vontade de se levantar de manhã

para realizar a sua rotina

 

Sono excessivo ou,

por outro lado, insónias

 

Falta de motivação

para os tratamentos

 

Crises de choro sem um motivo

que os desencadeie

 

 

Nem todos temos a mesma tendência para a depressão, mas é natural que ao passar por uma provação tão difícil como é ter um cancro, esta surja. Ela pode surgir numa fase mais inicial com o choque do diagnóstico ou numa fase mais tardia, pelas dificuldades dos tratamentos, pela mudança nas rotinas, pelo medo da morte.

 

Não é raro que a depressão surja após o tratamento, isto pode causar alguma confusão aos familiares. A verdade é que as pessoas vão acumulando stresse e tensão durante a doença e quando sentem um alívio de pressão o corpo dá os sinais de exaustão psicológica. Além disso, nesta fase, é frequente surgirem questões de origem existencial, sobre o sentido da vida e sobre as suas relações. 

A depressão, na sequência de uma doença física, envolve:

Mecanismos biológicos

As substâncias químicas produzidas pelo cérebro face a emoções negativas agravam o estado depressivo, tornam mais frágil o sistema imunológico tornando-nos mais vulneráveis a doenças e infeções.

Mecanismos psicológicos

Uma visão negativa e deturpada da autoestima e autoeficácia, uma perda do sentido de identidade ou do seu papel no seio familiar.

Mecanismos sociais

O isolamento, o abandono do trabalho ou a vergonha fazem, muitas vezes, com que as pessoas se descontextualizem do meio social em que vivem. 

 

 

 

 

Pode ser difícil diagnosticar uma depressão num doente oncológico porque muitos dos sintomas como o cansaço, as dores de cabeça, as dores musculares e nas costas podem ser devido à doença física. Mas existem outros sintomas aos quais deve dar atenção, como: desmotivação para os tratamentos, tristeza profunda, vontade de se isolar, não querer falar com ninguém, pessimismo.  

Não tem que passar por isto sozinho, além de profissionais competentes que podem ajudar, não exclua os seus familiares e amigos deste processo. Eles querem ajudar e vão sentir-se excluídos se não permitir que se integrem nesta fase da sua vida. Nós não vivemos sozinhos por algum motivo!

 

 

 

Reações à doença

 

Cada ser humano sendo único e tendo uma personalidade única reage de formas diferentes perante adversidades.

Autores referem que cerca de 50% dos doentes têm reações e adaptação consideradas normais. Entre os doentes hospitalizados, cerca de 32% demonstram perturbações na adaptação e cerca de 6% sofre de depressão conjunta com distúrbios de ansiedade. 

Por isso é crucial o apoio dos amigos e familiares.

  • É comum que perante um diagnóstico de cancro existam reações de negação. Nestes casos há uma negação da doença como uma realidade sua. As pessoas pensam que se trata de um erro médico, que houve troca de exames. As pessoas que reagem por negação, geralmente levam o problema de uma forma leviana por que estão descrentes da sua existência.
  • A ação de tentativa de inversão também é uma forma de reação a este tipo de notícias. Nestes casos há uma tendência para a desvalorização da doença. Encaram-na como algo banal e inofensivo, sem necessidade de tratamentos agressivos ou de alterações de vida. Este tipo de reação dificulta bastante o tratamento e dificilmente se estabelece uma relação de confiança com o médico.
  • O choque. Frequentemente existe uma reação de choque ao diagnóstico, nestes casos é natural uma ausência de expressão. A pessoa não exprime nenhum tipo de sentimento.
  • O medo. Embora atualmente isso não seja verdade, é natural que, no momento do diagnóstico, a palavra morte soe na sua cabeça. Por isso, o medo é uma reação normal.
  • A raiva. As reações agressivas acontecem com alguma frequência. Há uma tendência a ignorar a doença e a tornar-se agressivo, quer com os profissionais de saúde, quer com os familiares.
  • A culpa. Alguns doentes têm tendência a encontrar um motivo para a doença, sentindo-se culpados por atos que tiveram, vêm a doença como um castigo.

Felizmente estas reações não duram toda a fase da doença, elas são geralmente reações iniciais que dão lugar à aceitação passando entretanto por várias fases que se podem ir alternando entre positivismo e pessimismo.

O bem-estar psicológico do doente oncológico passará por encontrar um equilíbrio entre a sua condição vulnerável e o seu controlo e bem-estar emocional, sendo para isso necessário apoio quer dos familiares, quer de terceiros.